Powered By Blogger

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Memórias Diluídas em Álcool

Aquele gosto amargo de bebida barata, aquele cheiro forte de cigarro que ficou no ar e aquelas lembranças que com dificuldade tento juntar, uma aqui, outra ali, espalhadas pelos cantos de meu quarto, sala, cozinha, sacada....
Espalhadas por cantos alcoólicos em minha cabeça.
Com dificuldade tento levantar de minha cama, cama não do canto que acabei caindo e dormindo, não tenho certeza.
No estado que estou as certezas eu devo ter bebido noite passada, mas pelo que sinto em meu estômago logo as vomitarei novamente, neste momento dou um pulo de onde estou meio deitado meio levantado, nada como aquela ânsia para revigorar o corpo, poderia correr uma maratona, uma curta e de fato eu o faço, trajeto um pouco simples, uma volta pelo sofá de dois lugares, salto por umas latas de cerveja no canto da porta e sutilmente ultrapasso uma garrafa com uma última dose de Whisky, penso que ali está meu prêmio, mas primeiro a chegada, o banheiro, perdi alguns segundo no contorno da garrafa o que me impediu de alcançar o vaso, vai na pia mesmo então , segundo lugar ainda é ótima opção.
Um banho antes, água está gelado e o que ainda adormecia já levantava e passava café, café ainda não, primeiro meu prêmio, minha dose, última, assim depois dela posso pensar no café.
Esqueci a toalha em algum lugar, recorro a toalha de rosto meio suja meio limpa, tanto faz, ando pelado pela casa, olhando aos cantos, buscando as lembranças, junto do chão a garrafa, não preciso de copo, nem gelo, vai no bico, vou para a sacada secar o corpo assim nu mesmo, sentir o vento frio da manhã, sentir minhas bolas murchas, parece que a noite rendeu, balanço meu pau na sacada como se pergunta-se: - Hey companheiro, comemos quem ou foi apenas aquela punheta de bêbado?
Acho graça, pois espero que ele responda mesmo, mas não talvez ele saiba menos que eu.
Escuto alguém gritar lá da rua:
-TARADO !!!!
Este é o sinal de chega de vento por hoje, retorno para dentro, retiro do sofá algumas roupas e latas de cerveja, bebo o último gole da bebida e ali mesmo adormeço, quando acordar será tudo novamente igual.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Palavras Dançam ao Luar

Logo em frente da grande janela, encaro a lua antes de escrever algo mais ou assim tentar, está inspiração noturna parece fugir, ser levada por está fria brisa que adentra pela janela, desatento estou usurpando minhas palavras o momento perfeito para serem levadas sem eu perceber, com está brisa suave que toca meu rosto, como beijos invisíveis, mas que me iludem, para palavras levarem.
Poderia acender um cigarro, se assim fumasse, apenas para ver a fumaça subir e sair pela janela, dançar com a brisa, já que deixei de lado minha máquina de escrever e soltei minhas palavras para com a brisa ir:
-Se assim desejam podem ir, vão palavras minhas, vão dançar ao luar, só retornei para mim, com outras inspirações, outras poesias, outros desejos para escrever.
Por momento eu as entrego para voarem, já que no papel não querem  se deitar.
Por momento eu mesmo me entrego, deito em minha cama, mas janela permanece aberta para que palavras possam retornar e quem sabe talvez assim, pela manhã desperto as veja a manchar e dançar o que aprenderam com a brisa e luar para o papel ensinarem.



Lápide Fria

Palavras douradas em uma lápide cinza e fria tão qual ao corpo que sepultado aqui refugia-se.
Desejando uma pequena parte de um paraíso, ao qual lhe foi prometido, um Deus misericordioso e bondoso.
Fugindo de um caldeirão fervente, de seus pecados terrenos, escondido em sua mente, que tanto mente.
Refugio de frio cadáver, nada além do que terra rasa, lápide fria, escuro e silencioso, este espaço é o que tem direito e nada além de seu caixão e das palavras transcritas lembrando o que lhe restou de vida, que assim facilita em sua solidão para aos vermes que lhe comerão saber seu nome, pois íntimos ficarão.

Carnaval Desengano Esperança Entrou no Samba

"Carnaval, desengano 
Deixei a dor em casa me esperando 
E brinquei e gritei e fui vestido de rei 
Quarta-feira sempre desce o pano..."


Troquei meu nome 
e fui pro samba 
carnaval 
voltei a ser criança 
E sambei 
sambei 
sem saber sambar 
inventei 
um novo passo 
que só eu sei 
aqui sou rei 
Peguei os desenganos 
e os bati 
em uma bebida qualquer 
e então os engoli 
mas que grande ilusão 
mais um desengano 
os que bebi 
quarta-feira 
tudo normal 
os vomitei 
pois já teve fim 
meu carnaval.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Palavras Soltas - Promessas - Jornal Centro Norte

Ano novo, vida nova e todo aquele blá blá blá, o ano termina e começa outa vez, como diz a canção mais tocada de fim de ano, presentes, filas em mercados e a tão merecida ceia natalina e vale lembrar também do show da virada.
Promessas e mais promessas, geralmente as mesmas do ano anterior ao qual ficam esquecidas em um papel na carteira, tudo se repete e começa outra vez.
O ano mal começou, mas a capacidade humana esta a mil, ligo a televisão, mortes e acidentes intercalando com a novela das oito, me pergunto onde foram parar as promessas de paz, harmonia e tudo mais?
Esquecidas depois do porre da queima de fogos, só pode o que ficou foi à ressaca, mas tudo bem não dizem que o ano só começa depois do carnaval, pois que assim seja, estamos se guardando para quando o carnaval chegar!
Na televisão é tanta tragédia que chega a assustar, como se não bastasse nossos problemas temos que ainda observar o mundo todo sofrer, mães chorando, filhos chorando, todos chorando e monumentos a tragédias a serem erguidos, neste ritmo logo teremos mais monumentos do que árvores, quando isso tudo vai acabar, se é que um dia vai acabar ou nos é que vamos se acabar com isso, dúvidas e medos que todos temos, mas evitamos pensar.
Mas né chega de sangue, deixo isso ao caderno policial e aos urubus de plantão.
Esta certo que verão é de sol e dias secos, mas este ano já saímos da largada com cede e desidratados, deveria ter colocado em minhas promessas de fim de ano, “dias mais agradáveis”, não que fosse resolver, mas a tentativa é valida e o que se fazer, bom esperar pelo fim do verão até lá muita sombra e água fresca, essa também vale a promessa, o ano mal começou e as promessas ainda nem foram cumpridas e outras já esperam na fila, vou é lembrar para o próximo ano prometer que vou prometer menos, essa promessa eu garanto...ou não.

Jornal Centro Norte


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Andarilho de Destino

Alguns passos para mais ou para menos já tanto faz, vou seguindo por esta estrada, chão batido, terra rasa, rasa como minha fome, que assoviando qualquer canção, algo que ouvi no rádio ou uma daqueles musiquinhas de produtos que a televisão me oferece com tanta gratidão ou algo assim.
Nesse céu imenso azul, azul tão lindo que não se pode comparar, vou andando sem saber onde chegar, saber na verdade até sei, mas o que lá vou encontrar?
Pés calejados, gostaria de parar, calejados não só os pés, as mãos, os pensamentos, o corpo todo, ora até mesmo meu coração, gostaria de parar.
Uma das mãos acima dos olhos, protege o olhar do sol, vejo o horizonte, meu destino sei que está lá, quase posso vê-lo ou assim podia, juro que a pouco tempo ali ele estava, quando encaro meu destino ele foge para um bocado mais longe, mas que danado um dia eu o alcanço e quando conseguir nunca mais vou largar.
Mas chega de papo, vamos voltar a caminhar.
Há tanto que ando, muitos e muitos dias que me foge meu destino, outro dia quase que o pego, estava como daqui ali de minhas mãos, ora danado em um pulo foi-se para longe e me ferveu o sangue.
Tantos lugares, minhas pegadas estão por ai, minha trilha é grande, tantas oportunidades passei, encarei outras opções, mas estou focado é aquele destino que desejo e assim apenas ando e como ando.
Ou ele ou eu, um dia um vai ter que cansar e esse não serei eu.
Lá vejo ele recostado em uma grande pedra, nunca o vi tão parado, será que está cansado?
Minha chance é agora que meu destino não me escapa, em um último folego, uma última corrida o agarro, meu destino em tantos anos em minhas mãos se encontra e daqui nunca mais o largo.
Sorri em anos e como sorri, largamente, incessantemente sem parar, mas meu destino nada fazia, me olhava como se nada sentia, olhei atentamente para o lado e o que grande pedra pensava ver era uma lápide, esfreguei meus olhos pois não acreditava, ali em letras douradas meu nome dizia e algumas palavras vazias só o que me restavam, pelas minhas mãos o destino escorregou e lá de longe me acenava, eu de joelhos apenas implorava, uma chance uma oportunidade que fosse, mas não tinha jeito não, dali já não saia e antes de meus olhos para sempre fechar li em voz alta o que minha lápide dizia.

Apenas andei 
nada vi 
nada sonhei 
e todos os desejos que guardei 
tão fundo em meu peito 
hoje em meu túmulo 
para sempre os sepultei.


Noites Quentes, Escaldantes Nada Além

Café frio 
poemas vazios 
em noites quentes 
escaldantes 
daquelas que não se deseja dormir 

Não se deseja muito além 
além de um ar 
um frio que possa aconchegar 
deitar na cama
abraçar

Noites assim 
comuns até de mais 
em que não se consegue sonhar 
recostar a cabeça no travesseiro 
desejar 

Uma boa oportunidade de adormecer 
quem sabe até sonhar 
ou é de mais de se pensar? 
ou até de se imaginar? 

Noites quentes 
escaldantes 
daquelas que não se deseja 
nada além 
além de um bom sonhar. 








Janela Entreaberta

Pela janela entreaberta 
entra um ar 
leve 
solto 
será um sonhar? 

Pela Janela entreaberta
sai um sonho 
intrépido 
atrevido 
será um desejar? 

Pela janela entreaberta 
não entra 
muito menos sai 
fecha-se para a noite 
e abre-se para um novo dia.

Pela janela fechada 
um boa noite 
pra um novo desejar 
e quem sabe assim 
talvez um acordar. 


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Um Brinde aos Seus Sonhos

Claustrofóbico este pequeno e imenso espaço entre seus pesadelos e sua última luz de lucidez noturna, feche seus olhos e abraça seus medos ou corra deles ou assim pense conseguir.
Braços cruzados sobre o peito, na espera do sono, direita, esquerda, de bruços... Buscando o conforto de sua cama, pouco a pouco, lentamente os olhos pesados já cansados de ver escuridão se fecham, ao longe barulhos distintos, cães, carros, sons de uma noite tão viva e tão acordada quanto o próprio dia.
Logo nem os ruídos noturno são mais audíveis, longe cada vez mais longe, até o mais profundo dos sonos.
Olhos abertos, desperto, seu sono não existe mais, sua cama a segurança de seu quarto também não e onde apenas escuridão se via agora seus olhos preenchidos por outros mudos, lugares, dos belos aos sombrios, sonhos e pesadelos.
Por caminhos de tijolos amarelos sempre se esconde perigos, os ladrilhos as vezes escondem marcas de sangue, entre na floresta encantada, mas cuidado as criaturas da noite também por ali vivem, escute a doce e cruel melodia ecoada por este labirinto que conhece por sua mente.

Feche seus olhos 
mergulhe fundo 
e se perca em sua mente 
mas cuido veja bem 
de um lado 
só amores 
compartilhados por suas dores 

Em seus doces sonhos 
alegrias
encantos mil 

Seus pesadelos seus tormentos 
seus medos 
ali habitam 

Engano seu 
tolo pensar 
que em seus sonhos 
refúgio irá encontrar 
jogue a sorte 
ao fechar seus olhos 
vida ou morte 

Um brinde aos seus sonhos 
e aos pesadelos também 
que só tem um fim 
em um novo amanhecer.