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sábado, 31 de maio de 2014

Canções de Amor e Protesto

Ao mundo que desaba lá fora, algo que parece tão distante, algo que parece tão ficção, algo que parece com chuva...
Aqui dentro um ritmo saudosista de tempos que minha consciência não habitava esse corpo, de canções de amor a canções de protestos.
Cada momento vivido, sonhando ou desejado em letras, melodias, arranjos....
Fui até a Lapa procurando um malandro, mas perdi a viagem de malandro só outros que desconheço, "mas o malandro pra valer, não espalha, aposentou a navalha, tem mulher e filho e tal..." é o que dizem as más línguas por ai, mas já que cheguei até aqui agora vou até o fim.
Santa Tereza no coração de Belo Horizonte, cheiro de fazenda e riqueza do olhar, procurei por um clube de esquina para um bom som escutar, "vejo a lua no fim da estrada, onde eu vou chegar..." e lá no fim vejo uma travessia que fez de noite o meu viver, "solto a voz nas estradas, já não quero parar..." sou feito de brisa e o tempo não me importa, em um trem azul pego uma carona e o sol bate em minha cabeça e lembro de coisas que esqueci de dizer são "frases que o vento as vezes vem me lembrar...", chego em uma cidade bucólica, parada no tempo, perdida em canções já esquecidas e paro para descansar e "pela janela lateral do quarto de dormir, vejo uma igreja um sinal de glória..." feita de ouro, sangue e suor daqueles que no passado ajoelhados rezavam para um santo que aqui não habita mais. 
Em minha partida vejo de longe dois meninos sentados na terra, parecem olhar para mim e com seu olhar triste parecem dizer um até logo e sigo meu caminho.
Na medida que vou chegando ao meu novo destino as roupas vão mudando e o calor despertando, um sol incandescente de um amarelo sem igual, chego a Bahia de todos os santos e de todos os ritmos, procuro um som gingado com a benção dos orixás, no cais de Araujo Pinho, gosto muito raro onde os bondinhos dão uma volta ali, sigo os trilhos urbanos até o cinema transcendental, em uma praça central meninos dançam e "pinta uma estrela na lona azul do céu, pinta uma estrela lá..." e eu sigo a estrela para Salvador, o sol ainda brilha no céu, me pergunto se ele vai dormir ou se faz sempre hora extra, "tenho sede e essa sede pode matar..." e o céu escuta minhas preces e começa a escurecer pois logo vai chover, antes da chuva vou a beira-mar ver as ondas se formar, "o mar onde o céu flutua, onde morre o sol e a lua e acaba o caminho do chão..." e acabou com minha ilusão de Salvador pois a novidade não encontrei nem as canções que tanto busquei.
O que será que me faz caminhar, será que me dá um caminho a seguir e que me salta os olhos e não posso enxergar, são canções de amor e protesto que não tem medida, que é feito estar doente de uma folia, o que será...
São melodias já vencidas, esquecidas e constantemente lembradas, que estão na natureza, no dia a dia das meretrizes e no dia a dia daqueles que não querem escutar. 

"O que será, que será? 
Que vive nas ideias desses amantes 
Que cantam os poetas mais delirantes 
Que juram os profetas embriagados...."

"O que não decência nem nunca terá 
O que não tem censura nem nunca terá 
O que não faz sentido..."

E quem sabe nunca fará
....




quinta-feira, 29 de maio de 2014

Olhar Arco-íris

"A cor dos olhos é uma característica poligênica e é determinada pelo tipo e quantidade de pigmento na íris do olho..."
Fora esses termos científicos que os uso apenas para dar um toque culto ao texto, nada além de mero encher de linguiça, como dizem por ai.
Mas fora esse monte de palavras técnicas que a mim não dizem nada, os olhos são uma paleta de cores e o pintor é o sol ou qualquer luz incandescente, fique com o olhar ao sol e a mágica da arte acontece e seu olhar muda e descobre cores novas e inventa cores que são únicas.
Em minha divagação filosófica poética chego a conclusão que os olhos não tem apenas uma cor, mas sim todas, já que vejo o mundo com todas elas, e diga o que quiser com sua ciência e suas teorias essa é a minha, mas alguns olhares infelizes podem apenas o escuro ver ou se limitar em poucas cores.
Chego a uma cor do olhar que não é nada de azul, verde, preto, marrom ou qualquer cor, a cor única do olhar é apenas a cor de arco-íris e todas elas em um único olhar.
E quem ainda insistir que o olhar apenas uma cor pode ter que se limite então a não ver.
Vi uma cor que não era cor nenhuma 
e nem uma 
ou duas 
ou três 
eram varias 
outras tantas 
que poderia ver
era um olhar colorido 
pintado em degradê
era arco-íris 
ao olhar 
que tudo vê.


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um Pastel Para um Rato

Em tempos que diretos humanos não existiam ou ao menos não era tratado como campanha eleitoral e em um tempo em que eu mesmo não existia, relato um acontecimento que não é meu e talvez nem seja verídico, mas isso cabe ao leitor decidir se ficção ou realidade escolher.
Pelas bandas do interior do interior do Rio Grande do Sul um ladrãozinho pé de chinelo era conhecido, roubava de tudo e de tudo roubava, roupas no varal, coleira de cachorro, as vezes com o cachorro junto, dinheiro, moveis, tudo que podia carregar e vender.
Mas seu forte era o roubo face a face, não tinha um local especifico, rondava a cidade toda e todos já o conheciam, tinha fama de violento e com uma arma em sua mão era quase que invencível e assim pensava ser, nunca tinha sido preso e quando era pego não passava mais do que uma noite na cadeia, não tinham provas, mas todos sabiam de sua culpa, mas a justiça estava cega para ele.
Muito esperto o ladrão se achava, roubando todos que encontrava, não tinha idade, sexo nem profissão bastava lhe apontar a arma que de suas vítimas tudo retirava.
Um senhor com seus setenta anos já era freguês do ladrão e uma vez por semana o roubava era como se ele tivesse uma agenda e o senhor Ubiratã sempre estava nela.
Dinheiro, relógio, compras do mercado  até um par de sapatos, fazendo o velhinho voltar descalço, irritado, constrangido no seu limite, aquilo tudo teria que ter um fim e se a justiça dos homens ou de Deus não lhe ajudavam seria apenas de suas ideias que a salvação seria alcançada.
No dia em questão Ubiratã saiu de casa com um proposito e em uma sacola um pastel de carne que havia comprado, saiu pela cidade rondando as praças a procura do meliante, lá pelas tantas o infame encontrou e fez questão, em sua direção caminhou, despreocupado como quem nada sabia viu o marginal em sua frente apontando para sua sacola e querendo o que tinha ali, Ubiratã quase que implorando diz:
-É apenas um pastel para minha netinha que pediu, não tenho mais nada comigo me deixe ir para casa...
O  homem nem fez questão de explicar, arrancou a sacola da mão do velho e riu como se fosse dono do mundo.
-Suma daqui seu velho, e se te ver por aqui mais uma vez te arrebento a fuça.
O senhor foi, mas em sua face nada de medo era um sorriso que mantinha quase que suspeito, suspeito como o pastel que o gatuno mastigava sem saber que ali dentro uma surpresa o aguardava.
No dia seguinte estampado no jornal - LADRÃO APARECE MORTO - logo abaixo uma foto do marginal que agora não mais roubava, deitado ao chão gelado e sem vida e em sua mão um pedaço de pastel.
Ubiratã lia o jornal sorrindo pois sabia que o pastel não era só de carne tinha veneno de rato muito utilizado em sua casa e com grande louvor os ratos exterminava, então pensou que um rato maior poderia querer experimentar também.
Agora se verdade ou mentira eu não sei, só sei que foi assim que chegou ao meu ouvido e assim escrevo.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Réquiem do Poeta

Do que me adianta 
homenagens póstumas 
se póstumas 
aqui não estarei 

Que eu ganhe 
aquilo que importa 
estando vivo 
e não morto 

Não digo 
medalhas 
placas 
ou flores de plástico 

O que me importa 
são os sorrisos 
abraços 
e os amigos 

De que vale 
um poeta morto 
se de morto 
já basta o mundo 

De que vale 
na morte ser lembrado 
se é em vida 
que escrevo

Então que meu réquiem 
seja em vida 
e na morte 
seja esquecida.

domingo, 25 de maio de 2014

Poeta Ladrão

De lembranças que não são suas ele poetiza 
e sonhos alheios ele realiza 
tudo em palavras 
tudo em rimas 
tudo como desejar.
Poeta ladrão rouba sem dó
mas recebe todo o perdão.
Cria rima 
brinca 
sonha 
imagina...
Poeta ladrão 
andando por parques 
no meio da multidão 
roubando momentos
levando sentimentos .
Poeta ladrão 
escreve com seu coração 
o que outros sentirão.
Poeta ladrão 
anda por ai 
roubando e criando 
poeta ladrão 
devolve em poemas. 
Para poeta ladrão 
policia não precisa não 
deixa então 
poeta ladrão 
roubando tudo 
poetizando o mundo.
Poeta ladrão por ai se encontra 
pegando seus dramas 
transformando em amores 
e de seus amores fazendo drama.
Seus sonhos ele tem todos 
e de todos acho que já nem sonha 
Poeta ladrão 
roubando sonhos e decepções 
então cuidado 
com o poeta ladrão 
dentro de livros ele fica 
esperado um momento 
um descuido para agir 
e depois de tudo roubado ele retorna 
mas cuidado 
ele sempre volta.



sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Menina que Era Flor

De tempos em tempos ela sumia 
e dentro de um botão de rosa se escondia 

De ano em ano ela sumia 
e na primavera resplandecia 

De sol em sol ela sorria 
e encantava os que por ali passavam 

Pela noite sonhava 
que era menina 
e de menina era flor 

De tempos em tempos 
desejava ser menina 

De tempos em tempos 
flor se tornava 
mas de menina desejava 
e de flor sonhava 
as duas coisas 
e sempre tentava 
e em seus sonhos suas flores eram ela 
e ela sempre flores. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Escritor do Amanhã

Poderia perguntar aos astros do dia e da noite, receber do sol e da lua as previsões do amanhã, poderia jogar búzios, tarô, pedrinhas no rio ou qualquer coisa para descobrir o que escrever antes mesmo de acontecer e de se pensar.
Seria o escritor do amanhã, popular entre os jornais, todos eles querendo minhas previsões diárias, teria status de celebridade estaria na TV, teria prestigio, fama, sucesso...
Mas por outro lado seria um escritor condenado a saber do antes no hoje e viver sem surpresas, pois o amanhã seria previsível, seria sem graça.
A graça do amanhã é justamente ser o amanhã, se eu soubesse do amanhã ele seria o hoje !?
Quem sabe amanhã eu tenha essa resposta ou não, sei lá...
Então vou escrever o ontem e as vezes o hoje, mas algumas vezes posso dar uma de advinha do amanhã, mas apenas palavras do amanhã e não certezas.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Taxidermia Virtual

Como um bom cidadão  não devo criticar, mas por outro lado como um bom cidadão eu devo expressar minha opinião e sim criticar e ainda mais.Como bom hipócrita que sou assim como todo o resto do mundo devo jogar por ai minha opinião sendo boa ou ruim, agradando o vizinho ou não,mas preciso provar minha existência e sua devida importância.
Pois cá comigo penso, o que um par de peitos mais uma frase daquelas tipo autoajuda filosófica humanista tem em comum?Algo muito interessante,creio eu,com toda certeza,já que hoje as redes sociais são cheias delas,só não faço o mesmo pois infelizmente não tenho um par de peitos bonitos,nada que um bom enchimento não resolva.
Por outra lado, mesmo sem os peitos, vejo a felicidade em alta, como as pessoas são perfeitas em suas vidas admiro tanto elas, pois eu não sou, sou atrasado talvez porque eu ainda não tenha abraçado a tal ilusão perfeita dessas de novela,até curar esse vazio vou seguindo abraçado no meu sarcasmo mesmo.
Mas a questão não é essa, ao menos não somente essa, com toda a hipocrisia que tenho direito escrevo e vejo que a situação anda bem, cada ver melhor, toda aquela coisa que estamos cansados de saber, as pessoas se afastando umas das outras, curtindo uma vida virtual e entrando cada vez mais na caverna, ainda bem que podemos tirar selfies lá do fundo e compartilhar umas sombras com o pessoal, pois é isso que dá sentido a nossa vida hoje e nada além disso.
Estamos vazios, somos objeto de taxidermia,mas não a taxidermia comum,aquela que usa as cores originais e formas originais no empalhamento, me refiro ,com todo orgulho hipócrita,a taxidermia virtual,aquela que usa e abusa do filtro,do photoshop e das hashtags,nada de produtos para conservar nossa pele,e a preocupação com a originalidade, preferimos as curtidas, compartilhamentos, opiniões alheias,status e comentários que elevem nosso “eu” um tanto quanto imbecil,ah e aquela felicidade que chega até ser patética, claro com aquela nossa dose ácida de civilizados, sem generalizar, talvez um pouco, que jogue tudo na mesma fogueira como o pessoal gosta de fazer por ai, vamos queimar todos, com curtidas ou sem,peitos ou não.
Temos dois pontos fortes hoje nosso ego, narciso que o diga, em contraste com nossa doce hipocrisia, juntando os dois temos o que conhecemos por Facebook o mundo das perfeições não a rede social em si,mas o que criamos a partir dela,ou o que copiamos?
Já que somos objetos de taxidermia virtual, quem sabe um dia, nunca se sabe, vamos ser estudados, analisados e catalogados como humanos perfeitos, até de mais.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Me Cura de Ser Grande

Como disse Adélia Prado: "Meu Deus, me dê cinco anos, Me dá a mão, me cura de ser grande"
fiquei com essas palavras martelando em minha cabeça por algumas horas ao ponto de perder o sono e mergulhar em um estado que eu poderia chamar de saudosismo infantil, relembrei os fatos mais simples e totalmente ingênuos de minha doce infância, e sugiro que faça o mesmo que mergulhe em seu estado infantil de ingenuidade e pureza.
Uma cura de ser grande, será que isso poderia ser possível? Bom acredito que sim, conheço muitas pessoas que são eternas crianças, mas deve se pagar um preço alto por isso, pois cá entre nós as crianças não são bem aceitas por adultos o que imaginar de adultos crianças?
Os adultos que tudo sabem e apenas conseguem ver em cores primárias nunca vão compreender, mas ali no fundo é pura inveja pois sua criança ficou lá no passado e hoje estão presos em gravatas e empregos que nada nada lhe agradam, vivem em dias cinzentos, nada daqueles dias ensolarados da infância de correrias e de banhos de chuva ao fim do dia.
Ser adulto é negar uma boa parte do que conhecíamos por felicidade, todo adulto que ser crianças, mas nem toda crianças que ser adulto, crianças quer ser alta como adulto para poder comer nuvem não para ter uma vida chata.
Criança quer ser criança, que sorrir sem se preocupar com o que vão pensar, quer fazer birra, se atirar ao chão e não quer saber de roupas no natal, criança quer brinquedo.
Adulto olha com desprezo ao passado, pensa "COMO EU ERA BOBO", e era mesmo e ainda é, mas a diferença que seu bobo infantil não ligava para isso, mas seu bobo adulto fica todo cheio de dedos por parecer bobo e acaba virando uma mentira, uma mentira adulta.
Está ai outra coisa que criança não é, mentirosa, ao menos não da forma cruel que o adulto é, o adulto engana, mente para estar em uma lugar superior ao outro, mente para ganhar algo sobre os outros, criança mente por ser criança e mente por pura ingenuidade, a mentira que os adultos condenam nas crianças e coisa criada por adultos tão chatos quando eles.
Que eu sempre lembre com saudade de minha infância e que eu saiba que ela sempre vai estar comigo e que se eu for bobo que seja infantil e não um bobo adulto  "Meu Deus, me dê cinco anos, Me dá a mão, me cura de ser grande".



sábado, 17 de maio de 2014

A Escolha Não é Sua - Prólogo

Passamos a vida toda com a sombra de nosso cadáver a nos atormentar, ele fica ao lado em cada momento e em cada situação, boa ou ruim a sombra da morte nos acompanha.
Crescemos com a certeza e com a espera de uma morte, sonhamos com uma vida repleta de realizações e lá no fim, dormir e adormecer para sempre nos braços da morte e quem sabe despertar em outro mundo ou qualquer outra ilusão.
Mesmo com tal certeza de nossa morte ela ainda é nosso maior medo, pode não ser medo a palavra, mas que nunca estaremos preparados para ela, isso com toda certeza que não, pois tal coragem que nutrimos ao longo da vida se perde ao encarar seu corpo frio e sem vida em um caixão.
E como eu sei disso tudo, simples pois eu estou lá, estou ao seu lado quando nasce e quando morre, tenho muitos nomes, mas gosto apenas de ser o fim, e você que pensa que decide sua hora, tolo mortal, a escolha nunca é sua, quem decide sua morte sempre serei eu.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

NadarSonharDesejar

Puramente nada 
hoje nada 
nada escrevo 
e nada penso 

Nada 
simples assim 
esvaziei meus poemas 
em um canto qualquer 
um canto de minha mente 
um canto que nem quero lembrar 

Talvez coloquei tudo em uma caixa 
nem sei mais 
quem sabe vendi 
troquei 
barganhei 
vai saber onde coloquei 

Nada 
nada o que escrever 
nada do que sonhar 
nada...
Nadar 
Sonhar 
Desejar
NadarSonharDesejar
tudo e mais um pouco 
quem sabe até me afogar

É quem sabe seja isso mesmo 
e eu que pensava em nada 
de nada fui sonhar
e acabei por me afogar.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Prelúdios de Raios e Trovões

Quando as únicas luzes da noite 
são os raios
e os únicos sons 
são feitos de trovões 
todos buscamos 
uma refúgio 
uma coberta 
um travesseiro 
uma caneca 
algo que daremos a ilusão 
de escudo.

O medo brilha 
entre as frestas da casa 
e os sons barulhentos 
ecoam dentro do peito.

A chuva despenca 
molha e lava tudo 
e os raios iluminam 
os becos sujos a serem limpos 
e os trovões são gritos do desespero

Um desespero que chega 
aos poucos nos tornando  indefesos 
e feitos de chuva 
indefesos de si próprio
a companhia pra noite 
é nossa cama 
é nosso medo.





terça-feira, 13 de maio de 2014

A Menina do Sorriso de Giz

De todas as cores 
que o mundo poderia lhe dar 
nenhuma era suficiente 
para seus desenhos enfeitar 

Rabiscava o céu 
lua 
e mar 
seu mundo era cor e de cor era feita 

Feita menina 
doce a pintar 
e seus desenhos 
ao mundo jogar 

Quando se cansava do azul do céu 
trocava 
pois para ela era simples 
e com suas cores pintava aquilo que desejava

O mar gostava de pintinhas amarelas 
cintilantes ao luar 
as copas das árvores douradas a brilhar 
com um lindo raio de sol rosa 
igualzinho a um amar 

Mas mesmo que o mundo ela colorisse 
era sempre pouco 
seu sorriso era branco 
e de branco ela não gostava 
então mastigava 
e a cada dia um sorriso 
em sua face 
ela pintava

Em contraste com um olhar 
castanho 
e de negro cabelo 
o resto de seu corpo 
era cores de um mundo inteiro.


*Ilustração Ashlei Czekalski


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Criancice


Em tempos antigos, nem tão antigos assim, fomos pequenos homens e pequenas mulheres, ao qual éramos denominados crianças. Era um tempo doce, doce igual aqueles que devorávamos escondidos atrás de casa, doce como sorvete seco, que de sorvete só tinha a casca e o nome mesmo, doce como lamber a rapa da massa de bolo, doce como Nescau antes de dormir,doce como o mouse de maracujá da vó,doce tão doce...
Mas ser criança era muito mais que comer doces, era viver em estado de doçura, era compreender um mundo diferente dos gigantes adultos que estavam com suas cabeças acima das nuvens e infelizmente não podiam ver o que embaixo acontecia.Mas o olhar ingênuo de criança tudo captava e tudo desenhava, éramos não somente crianças, éramos grandes artistas, poetas, músicos e inventores, éramos tudo e mais um pouco.
O mundo era colorido e tão grande, algo que meus pequenos bracinhos não podiam alcançar, mas todos os dias quando acordava em um espreguiçar, mandando o sono para o outro lado do mundo, onde era noite e outra criança poderia precisar dele, eu tentava, esticando as pontas dos dedos abraçar o mundo, nunca conseguia, mas sempre tentava.
O mundo era imenso e eu tão pequeno e mesmo hoje, eu me encontrando grande, o mundo ainda é imenso,parecendo até maior do que naquela época.Pena que essas crianças de hoje, algumas, nem todas, se acham grande, o mundo é por elas considerado pequeno, pois é visto por uma pequena tela, fria e de cores artificiais, um triste mundo isso sim que ao invés de doce é azedo.
Lembro mais de minha infância, lembro que celular de criança não eram esses que vejo por ai em pequenas mãos de dedos ligeiros, eram coloridos e transparentes e não eram ligados em tomadas, eram infinitos ao menos enquanto durassem as duas pilhas que ficavam escondidas, e cada botão uma música tinha, não tiravam fotos, nem ligavam.Mas com aqueles telefones mantínhamos contato com o mundo todo, com a lua,com marte,com Japão,com castelos, com lugares que só crianças podem conhecer e que não cabem a mim ser contados agora.
Criança é calorosa, é borrada de giz de cera, joelho ralado e meias encardidas, é mãos inquietas,é alma inquieta,criança é doce,um doce infinito.Criança tem nome bonito coisa que se perde quando se vira adulto, hoje sou Eduardo, um nome frio, mas já fui Dudu, sinto falta... Mas ser criança hoje não me cairia bem, pois ainda sou tão pequeno e o mundo sempre será tão grande para mim,e onde está mesmo aquela minha coragem de levantar e abraçar o mundo?


quinta-feira, 8 de maio de 2014

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Bailarina de Palavras

Bailarina onde foi se esconder 
que não vem dançar 
em que livro se deitou 
para sonhar
em que mundo 
você foi parar 
por que foges assim de mim 
parece evitar 
sabes que nos meus braços 
ira se deixar ficar 
por uma dança
a mais 
pela eternidade que me falta 
a dançar 
Desvencilha se dos teus conceitos 
e vem comigo estar 
deixe estas sapatilhas de lado 
e vem tango
comigo sonhar 
Bailarina feita de poesia 
que dança em um sonhar 
é hora de despertar 
e em sonhos alheios 
dançar. 
*Coautora e ilustração Ashlei Czekalski

terça-feira, 6 de maio de 2014

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ele Passarinho!

Há vinte anos Porto Alegre 
nem tão alegre ficou 
e um tanto que menos 
poética se tornou 

Quintana se foi 
mas ficou 
ficou eterno
manchado por seu versos 

Em uma epígrafe 
Quintana citou 
"As únicas coisas eternas são as nuvens..."
então nuvem ele se tornou 

Quintana era nota solta 
mas que erro meu 
ele ainda é 
sempre será 

Enchendo as vogais de vento 
torando-se o vento 
tornado-se 
tudo

Nascido da poesia 
e para a poesia retornando 
onde o corpo morre 
a poesia resiste 

E todos que aqui estamos
ainda trilhando suas poesias 
nós passaremos 
você eternamente passarinho! 

Mario de Miranda Quintana 
(30/06/1906 - 05/05/1994) 





domingo, 4 de maio de 2014

Do Caos Gera-se Poesia

Sem pretensões apenas uma doce imaginação, duas pessoas e um único caos que pouco a pouco ganhava uma forma, que forma ora essa era incerta, mas com toda certeza intensa e poética.
Tomava o corpo de duas almas, seria um nascimento de um novo ser, com a morte e a difusão de dois? Duas almas, as palavras ditas, as vírgulas colocadas, alguém voa, alguém para o olho no nada.
Duas mentes, duas fontes e quem precisa saber?
Um só autor, e esse autor seria o sentimento envolvente, sentimento cria forma, é ele quem escreve dois em um, e já nem sei mais onde terminam tuas palavras e começam meus sonhos.
Mas como saber onde inicio é o fim e o fim toma forma de um inicio, não faz diferença, ali no papel da imaginação tudo era possível e o impossível não ousava entrar, um contrato acima de palavras ditas e das escritas e acima mais ainda de um sonho.
No inicio poderia parecer um turbilhão de palavras soltas, mas para quem prestasse atenção era apenas poesia, poesia da mais pura do mais encanto da fascinação, pois se uma poesia já é bom então o que dizer de duas, unidas em uma nova, algo que nenhum outro autor ousou juntar, pois o caos era temido, mas acima de tudo incompreendido.
Façamos assim do caos a mais pura e bela poesia, o caos formado pelo violento encontro de nossos reinos, fascinante e avassalador, façamos mais ainda de outros caos as mais belas poesias as mais belas imaginações ao menos até o próximo escrito e assim vai e assim imagina, assim escreve, assim eles sonham, assim eles fazem sonhar.
*Coautora e ilustração Ashlei Czekalski

sábado, 3 de maio de 2014

Nau da Loucura no Céu das Ideias

Impaciente ele esperava pois escolha não tinha e nem precisava, tinha reservado aquela noite ou dia, ele já não sabia, pois metade do céu era claro e a outra teimava e escurecia, no fim então era meio dia e meia noite, bom ele ali parado esperando e tão nervoso já teimava e escrevia.
Sentado em uma mesa verde, mas não um verde comum era verde limão e de limão era feita e seu cheiro era da mesma fruta, cada mesa de cada cor tinha seu cheiro, o rosa tutti-frutti, o roxo uva, o marrom chocolate...
Mas aquele momento era do verde limão bem limão e bem verdinho, aquilo ajudava ele a se distrair até que SIM ela chegaria.
Rindo e gesticulando já respondendo por sua demora:
-Estava no banho e o atraso e compreensível e não diga nada, apenas esqueça.
Ele odiava e gostava ao mesmo tempo quando ela fazia isso.
-Tudo bem já foi esquecido. E espero que tenha trazido sua caneta pois a minha aqui está.
-Claro que sim, não saio de casa sem a caneta escreve céu.
Isso mesmo caneta escreve céu, pois aquela rabiscava as nuvens o sol e a lua, contornava estrelas e desenhava cometas, fazia chover e logo depois um arco-íris aparecer.
Deitados na grama apontando ao céu, divagando ao léu ao nada cantarolando "...nau da loucura no céu das ideias..." e por ai vai entre tantas outras coisas que meu ouvido de água não poderia escutar.
Eu ali despercebida apenas percebia como uma chuva que vem no fim do dia e refresca a alma, eu sou o lago que fica logo ao lado e no céu uma homenagem recebia, um desenho de minha face contornada por um sol e por uma lua, estrelas e nuvens se expressavam em meus sentimentos, tão reais quanto diante de um espelho.
Abismado fiquei que quase nem percebi quando cada um para seu livro voltou e eu ali fiquei, esperando mais uma meio dia, meia noite ser rabiscada ali em cima, ali no céu.



sexta-feira, 2 de maio de 2014

Café com Mel

Em minha mesa 
degustando um café 
mas não só 
nunca só 
com doces companhias 
com cheiro de mel 
distintas abelhas 
com seu desejo 
por cafeina 
A cada gole é um 
zum zum zum 
pena eu não falar abelhez 
e nem de amarelo estar 
mas que seja 
temos o café 
para nos aproximar 
o resto é resto
e tanto faz.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Café com Sabor de Mel

Para muitos o café é sagrado, quase como um ritual sacro, para essas pessoas degustar um simples café nunca é algo simples.
Ter o café como santidade é algo que me acompanha a quase treze anos, e de tantos cafés, muitos posso poetizar e cada um acredite é especial, ao menos para mim.
Não posso escolher um apenas, mas posso dizer que este que vou relatar é com toda certeza é um dos mais especiais e único que uma pessoa possa ter.
Ainda estou sentado de frente ao glorioso Guaíba, mais especificamente dentro do café da casa de cultura Mario Quintana, onde tenho a imensidão de inspirações a me cercar.
Mas não estou só, pois pouco a pouco minha mesa se enche de distintas companhias, tão fanáticas por café quanto eu.
Distintas não apenas por seu desejo por cafeina, mas por serem abelhas, sim abelhas com ferrão e listras amarelas e pretas e tudo mais.
Nunca pensei que gostavam de café e muito menos que fossem ótimas companhias, uma pena eu não falar abelhez, mas que seja penso eu, ora temos ao menos o cafe para nos aproximar o resto é resto.

Fim do Dia

E no fim do dia 
quando o sol deita no acostamento da estrada 
e como mágica a noite vem e toma conta pois lhe convém. 
E as nuvens tão fofas misturam-se ao nada 
e lá no fim no horizonte onde meus olhos já não podem mais ver 
o sol retira-se até um novo amanhecer.