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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Terceira Sentença - Part II

Rose saiu correndo da loja de ferragens, buscou abrigo em uma pequena capela que estava localizada no fim da rua, o local estava vazio, ela sentou-se na ultima fileira de bancos e chorando implorava a Deus que tudo aquilo tivesse um fim.
Já era quase oito horas da noite, Moacir preparava-se para fechar a loja e retornar para sua casa, como de costume fechou as janelas desligou o rádio e trancou a porta e dirigiu-se para o estacionamento ao lado da loja, onde seu carro estava, havia apenas dois carros no local o sport de cor azul metálico de Moacir e logo atrás obstruindo sua saída um furgão na cor preta.
O local estava escuro, mas Moacir podia perceber um vulto dentro do outro carro, aproximou-se e cutucando com o dedo apontava para para seu carro e gesticulava com os braços, mas o outro carro nem se movia, novamente Moacir bate no vidro do carro agora com mais intensidade e com uma expressão de raiva diz:
-Você está surdo, vamos tire essa sua lata velha dai que quero sair com meu carro.
Parece que sua demonstração de fúria havia surtido efeito, ele podia escutar o movimento de dentro do carro, e viu que a sombra se mexia lá dentro e a porta se abrir, ao colocar seu olhos no outro motorista Moacir ficou surpreso, era o padre, aquele mesmo que havia negado sua filha algumas horas atrás, ora ao certo tinha arrependido-se e queria agora o corpo da jovem, pensava ele.
-Tarde de mais Padre, ela não está aqui! Devia ter aproveitado naquela hora, volte amanhã que damos um jeitinho.
Moacir voltou-se para seu carro, abriu a porta, mas percebia que o Padre continuava parado no mesmo lugar.
-Vamos nessa Padre, não me faça tirar seu carro a força dai, esse carro vai sair daqui com você dentro ou embaixo dele. E por hoje chega, volte amanhã.
O padre novamente não falou nem esboçou reação alguma de que vá tirar seu carro dali, pelo contrário ele aproxima-se de Moacir e com um pequeno porrete acerta a nuca do homem que cai inconsciente ao chão.
São nove horas da noite, preocupada com o atraso de seu marido, Sandra, esposa de Moacir entra em contato com a policial, ele nunca se atrasava, e depois de um tempo começou a ficar impaciente.
Uma patrulha foi em direção a loja de ferragens, havia dois policiais, um ficou no carro e o outro foi checar a loja, tudo estava trancado e nenhum sinal do homem, ao fazer a volta no local, viu um carro estacionado com uma da portas abertas, achou estranho e foi em direção ao carro abandonado para verificar, ao chegar mais perto nada constatou o carro parecia que tinha sido abandonado, as chaves estavam atiradas ao chão, havia algumas marcas no solo de terra batida, como se um objeto grande fosse arrastado, dentro do carro apenas um pequeno recorte que dizia:
"Não contaminarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se; para que a terra não se prostitua, nem se encha de maldade. Levítico 19:29"

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Terceira Sentença

Lentamente Moacir começa a despertar de seu sono, sentia seu corpo dormente e ao tentar mover-se percebia que não conseguia, ainda de olhos fechados tentava fazer algum movimento, mas tudo sem sucesso, pouco a pouco seus olhos foram se adaptando a luz do ambiente, seu olhar era direcionado para cima, ali ele não percebia nenhum teto via apenas a lua que brilhava na escuridão da noite, ele estava confuso, sentia uma forte dor em sua cabeça e totalmente atordoado.
Com um grande esforço abaixou sua cabeça, conseguia ver seu corpo sentado em uma cadeira, seus braços e pernas amarrados o que explicava a falta de movimento.
Abriu bem os olhos direcionando para frente onde podia ver uma fagulha de luz que vinha de uma vela, logo ao lado tinha uma silhueta de um homem que estava ajoelhado ele murmurava algo que Moacir não conseguia distinguir, percebeu que a sombra do homem dirigia-se em sua direção, ele estava muito fraco, nem conseguia falar algo e pedir alguma explicação, não pode ver o rosto do homem, ele ficou ali fitando Moacir entre a sombra do luar, logo após perdeu novamente a consciência e fechou os olhos com uma pancada em sua nuca.  
Era um dia comum para Moacir, trabalho casa, casa trabalho, ele era dono de uma pequena loja de ferragens, homem casado, pai de três lindas filhas, Rose com quinze anos era a mais velha e trabalhava com seu pai ajudando na loja, entre outros afazeres que não tinham nenhuma relação com venda de ferramentas.
Moacir gostava de oferecer sua jovem filha a outros, não importava quem ou como, apenas importava-se com dinheiro, aproveitava o tempo que a filha estava na loja e oferecia um pequeno quarto que tinha nos fundos do estabelecimento, apenas uma cama e um banheiro nada mais, mas para viajantes necessitados era um verdadeiro motel cinco estrelas, ninguém desconfiava dele, muito menos sua esposa, Rose sua filha era uma linda jovem de pele clara e olhos verdes cintilantes tudo isso em um contraste com seus cabelos negros, uma jovem indefessa controlada pelo homem que chamava de pai, acuada como um cão medroso ela apenas obedecia, e o fazia para proteger suas outras irmas Carla de sete anos e Mariane de dez, pois sabia que se não fosse ela seria as outras.
O tipico pai de família se pensava, o tipico homem das aparências, um pecador que devia pagar por seus crimes.
Naquela tarde um homem de passagem parou em sua loja para comprar pregos, Moacir sabia que ele não era daquela região, prestativo mostrou os tipos de pregos e marcas ao homem e ofereceu algo mais.
-Um homem como você que parece estar vindo de longe, não gostaria de descansar um pouco, posso lhe oferecer algo muito melhor que pregos.
Enquanto falava Moacir acariciava os ombros de Rose, a expressão de medo era clara no rosto da jovem, que controlava-se para não chorar, mas mesmo com seu esforço deixava escorrer algumas lágrimas.
O homem colocou o valor dos pregos em cima da balcão que estava ao seu lado, pegou sua sacola de comprar, não falou, nenhuma palavra saiu de sua boca, virou-se dirigindo a porta, mas Moacir cutucando as costas do homem pergunta:
-Então qual vai ser ? Quer ou não quer? Vai me responder algo? 
Ele virou-se para Moacir, fixou seus olhos aos dele, comprimiu levemente seu olhar como se responde-se ao homem, levantou sua mão e levou até sua garganta e mostrou sobre o casaco que usava um colarinho branco que os padres utilizam, virou-se e saindo pela porta ainda escutou Moacir gritar com sua filha:
-Sua imprestável nem um padre te quer mais, vou te dar uma lição sua vagabunda..
Após isso apenas um forte barulho de tapa e um choro abafado, e o misterioso homem sumiu na estrada...



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Crucificação - Part III

Ele era limpo, era como se nem existi-se, se não fosse pelos corpos poderia dizer que eu estava louco, quem sabe era isso mesmo o demente era eu mesmo.
Os resultados da autópsia não ajudaram em nada, apenas o mesmo do outro corpo, sem sangue, plastificação total, ao que parecia o assassino queria manter aqueles corpos para sempre, talvez  cada corpo era  como um troféu, a realização de sua obra prima, de seu crime, a marca de Deus que ele deixava para os outros mortais, deixava para os pecadores da terra. 
Eu estava dedicando muito tempo para aquele caso já estava beirando a insanidade, quem sabe eu mesmo poderia me tornar um assassino.
Temendo pela segurança de minha família, pedi para minha esposa e filha passar um tempo na casa de meus pais, era uma cidadezinha afastada da civilização e com elas longe poderia dedicar integralmente minha atenção ao caso.
Tentava buscar um padrão em tudo aquilo, já sabia que o nosso assassino pregava uma justiça divina, ou assim pensava ser, ele devia ser um homem religioso, quem sabe um padre ou algum membro de alguma ceita, mas com certeza religioso e um grande conhecedor da palavra de Deus. 
Para pregar tal justiça ele próprio devia ter sofrido nas mãos de um pecador, um homem religioso com antecedentes de tortura, sofrimento, uma infância perturbadora pois não é assim que geralmente os psicopatas são, pois bem, eram apenas suposições, mas já era algo, era por ali que começaria, o nosso assassino poderia achar que tinha a justiça de Deus ao seu lado, mas um dia Deus o abandonaria, e neste dia eu estarei pronto para impor a minha justiça a ele.  

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Crucificação - Part II

Primeiro um Padre e agora um casal, o que ele pretendia mostrar com esses assassinatos?
Enquanto esperava pelo resultado da autópsia, agente Jaques e eu fomos investigar quem eram aquelas vítimas, chegamos até a casa da Jovem Clarice, seu marido e filhos permaneciam abraçados o tempo todo, não sabiam dizer por que aquilo tinha acontecido com ela, Clarice era uma mulher e mãe de valores incontestáveis, foi naquela conversa com o marido que descobrimos a ligação entre os dois, então a outra vítima era nada mais que colega de trabalho do marido, mas ao que parecia nenhum deles tinha contato ao menos era o que se sabia, eu achei estranho, sabia que o assassino tinha um motivo para crucificar os dois juntos, mas não quis falar nada para o marido, eram apenas suposições não tinha como provar.
Logo após fui até a casa da outra vítima, Rodolfo morava só, entramos na casa e percebemos que nada tinha sido remexido, mas notamos algumas roupas femininas e uma bolsa com documentos que pertenciam a Clarice sem falar no carro dela que estava na garagem, estava ai minhas provas e a ligação dos corpos, falei com os vizinho e alguns diziam que uma vez por semana uma misteriosa mulher aparecia, mas não sabiam dizer de quem se tratava, Clarice e Rodolfo amantes claro.
E tudo foi concretizado ainda mais no outro dia, novamente recebemos uma carta do assassino, junto com suas palavras, as fotos do casal de amantes denunciava seus pecados de adultério e sua sentença foi a cruz.
A carta era feita da mesma forma que a outra, apenas recortes de passagens bíblicas:
Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado./Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado./Tendo os olhos cheios de adultério, e não cessando de pecar, engodando as almas inconstantes, tendo o coração exercitado na avareza, filhos de maldição;/E não me compadeça de seus filhos, porque são filhos de prostituições./Chegarão os dias da punição, chegarão os dias da retribuição; Israel o saberá; o profeta é um insensato, o homem de espírito é um louco; por causa da abundância da tua iniquidade também haverá grande ódio/Matai a todos os seus novilhos, desçam a matança. Ai deles, porque veio o seu dia, o tempo do seu castigo!.
Demência total, nosso assassino já tinha um status de Deus ao menos em sua cabeça, não era um homem que eu estava caçando, mas sim um Deus.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Crucificação - Part I

Durante uma semana investiguei as poucas pistas que tinha sobre o assassinato do Padre, conseguimos descobrir quem era a criança que estava nas fotos, quando falamos com os pais foi um choque, nunca poderiam imaginar que o bom Padre Nestor poderia tocar em seu filho, contra vontade dos pais falamos com a criança, Miguel tinha apenas dez anos, segundo ele o Padre tinha prometido levar ela para viajar e que tudo aquilo era um segredo dos dois, foi muito fácil para ele enganar uma criança. Tudo acontecia na própria igreja, ele tinha abusado do pequeno Miguel duas vezes, ambas em atividades que aconteciam na igreja, era um momento propicio para aquilo, ninguém poderia desconfiar de um Padre.
Após as denúncias virem a tona, outros pais apareceram confirmando que o padre havia molestado seus filhos, ao todo recebemos mais sete denúncias, ao que parecia o mundo se livrara de um doente, investigamos todos os pais, eles tinham um motivo para acabar com a vida de Nestor, mas todos tinham álibis incontestáveis, eu e o agente Jaques estávamos novamente sem um caminho a seguir.
O que nos restava era esperar o assassino agir novamente e eu tinha certeza que ele atacaria mais uma vez, aquilo não era um crime comum e eu tentava achar um explicação pois sabia que tinha uma.
Na segunda semana após encontrarmos o padre, nosso assassino retomou suas atividades, estava na central quando fui informado que um casal havia sindo encontrado em uma situação um tanto que "sinistra", quando fui informado sabia que era ele, era nosso assassino.
Igreja de São João era o local, tentava preparar meus olhos para o que eu veria, esperava algo parecido ou até mesmo pior que o Padre, chegamos a pequena igreja, localizada em um bairro de classe média alta, a rua já estava cheia de curiosos tentando espiar por entre os policias que faziam o isolamento do local, pedi para que nada fosse feito até minha chegada, era um fim de tarde o sol se escondia atrás das grandes vidraças, toda a fachada do local era feita com mosaicos de vidros coloridos, ali estavam imagens dos apóstolos ao lado de Jesus, o sol batia e refletia seu brilho para dentro da igreja, um feixe de luz era direcionado direto ao altar onde uma imagem sacra de São João parecia vigiar os movimentos de todos ali.
Logo vi o que tinha vindo procurar, lá ao lado do altar estava o casal, agora compreendi o que era o sinistro que havia sido dito ao telefone, realmente o nosso assassino estava melhorando de uma forma monstruosa.
Crucificação era o que via, em cada lado de uma cruz uma pessoa pregada um de costas para o outro, grandes pregos nos pulsos e em seus pés, de um lado um jovem e do outro uma moça, ambos com seus trinta anos, sem sangue e sem marcas, apenas um uma placa de madeira entalhada com as seguintes palavras: Porque a palavras da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. 1 Coríntios 1:18.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Segunda Sentença - Part IV

Pouco a pouco, gota após gota o sangue dos dois misturava-se formando apenas um, pouco a pouco também os dois foram sentindo seus corpos ficarem leves e sua força escapando por sua pele, o homem continuava a ler aquela bíblia era quase um ritual fúnebre ministrado pelo desconhecido.
As palavras que ele dizia já não faziam sentido para o casal, eles mal conseguiam escutar o que ele dizia, não apenas o sangue que pouco a pouco caía sobre aquela bacia, mas também suas vidas que eram retiradas de seus corpos.
Novamente ele retornou para o balcão, colocando-se de frente para o casal que lutava para manter-se vivo e dirigiu a palavra para os dois:
-Não temam ó pecadores, pois mesmo que a sombra da morte esteja rondando seus corpos, eu o salvador os libertarei não somente do fogo eterno como também da vida de pecados e assim renascerão limpos para a vida eterna ao meu lado.  Eu sou a luz do mundo e hoje com vós estarei guiando sua travessia ao mundo das glórias.
O homem começou a entoar um canto, não podia se distinguir do que se tratava, logo após ajoelhou-se e falou:
-Senhor Jesus Cristo, o vosso corpo e vosso sangue, que vou receber, não se tornem causa de juízo e condenação, mas por vossa bondade, sejam sustento para minha vida.
 Logo após terminar sua fala, ele tomou em suas mãos uma hóstia que retirou da pequena caixa de madeira que estava em cima do balcão, levantou sobre sua cabeça dizendo:
-Tomai todos e comei isto é o meu corpo que será entregue.
Ele partiu em três pedaços, um dos pedaços ele levou até a boca, e por alguns minutos ele ficou em silêncio e de olhos fechados.
Ao abrir os olhos continuava em silêncio, aproximou-se primeiramente de Rodolfo com um dos pedaços em suas mãos dizendo:
-Tomai o corpo de Jesus, meu filho.
Rodolfo já sem forças para falar, sacudiu a cabeça negativamente.
Com a mesma calma o homem repete suas palavras:
-Tomai o corpo de Jesus, meu filho.
Neste momento não esperou pela resposta de Rodolfo, abriu a boca do rapaz e enfiou dentro o pedaço do sacramento.
Rodolfo não tinha forças para nada, seu corpo era como um boneco guiado pelo homem.
O homem dirigiu-se para Clarice dizendo as mesmas palavras:
-Tomai o corpo de Jesus, minha filha.
Ela em um grande esforço abriu a boca e ele colocou o pedaço do sacramento que se dissolveu lentamente no pouco de saliva que ainda restava em sua boca.
Em suas mãos agora ele tinha a taça dourada, levantou com as duas mãos e disse:
-Tomai, todos e bebei este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por muitos, para remissão dos pecados, fazei isto em memória de mim.
Ele levou a taça até a bacia que coletava o sangue dos dois, mergulhou no líquido avermelhado enchendo assim a taça pela metade, levou até sua boca e fazendo um sinal da cruz bebeu um gole do sangue do casal.
Levou a taça até a boca de Rodolfo e disse:
-Bebei o sangue de Jesus, meu filho...
Rodolfo arregalou os olhos e em um último esforço de seu corpo debatia-se tentando se soltar, mas seu corpo debilitado nada poderia fazer, o homem abriu sua boca e despejou o liquido, Rodolfo sentia o líquido quente que descia vagarosamente por sua garganta.
Agora era vez de Clarice que quase inconsciente nada poderia fazer, ele abriu a boca da jovem e despejou o restante do sangue que havia na taça.
O homem limpou a taça e guardou dentro da caixa de madeira, retirou suas vestes em suas últimas palavras ao casal ele disse.
-Agora são filhos de Deus e este mundo de pecados já não serve mais para meus filhos, vocês estão livres para viver em minha glória.
Ele virou-se sumindo entre as ruínas, o casal permaneceu ali amarrados e sentados em uma completa escuridão, o único som que se escutava dentro daquela igreja abandona era o o sangue que desprendia-se das veias caindo assim na bacia de sangue logo abaixo das cadeiras, até a última gota cair e assim apenas permanecer o silêncio.




segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Segunda Sentença - Part III

Clarice e Rodolfo trocavam olhares, cochichavam tentando bolar alguma forma de sair daquele local, mas estavam bem amarrados e no estado que se encontravam seus planos quaisquer que fossem eles não poderiam ser executados.
O homem retirou o capuz que cobria seus rosto, o casal olhava atentamente para ele tentando reconhecer aquela face, mas nada chegava até suas mentes, aquele homem ere um completo desconhecido.
Tentando manter a calma Rodolfo respira fundo e tenta trocar algumas palavras com o homem:
-O que você quer conosco? Dinheiro? Se for isso, vamos a um banco e eu lhe dou tudo que tenho, apenas deixe irmos para casa, não se preocupe não vamos procurar a policial, apenas deixe-nos livre...
O homem não expressava resposta nenhuma, nem com seus olhos muito menos com sua fala.
Ela andou até o altar e retirou de dentro de uma gaveta uma pequena caixa, dali ele delicadamente tirou uma taça brilhante de cor dourada e uma garrafa com um liquido avermelhado dentro ao qual parecia ser vinho. Da gaveta ele retirou também um pano retangular na cor vermelha com uma abertura para a cabeça e com uma grande cruz branca desenhada no peito, colocando por cima de sua roupa exatamente igual as utilizadas pelos padres em realizações de missas.
 Em suas mãos uma grande bíblia de capa recoberta por couro ele abriu e começou a ler uma passagem que dizia:
-Aqueles a quem perdoares os pecados lhes são perdoados e aqueles a quem os retiverdes lhe são retidos.
Sua voz era calma assim como suas expressões, nem os gritos de desespero de Clarice o tiravam sua atenção, ele permanecia concentrado somente naquelas palavras. Após terminar a leitura, retornou a fala:
-Ó pecadores, hoje seus crimes serão pesados na balança divina, e eu o todo poderoso vou decretar sua sentença, por muito tempo fostes absolvidos pela lei dos homens, mas pela lei de Deus vocês serão condenados. Digam agora que se arrependem de seus pecados mundanos e que buscam a salvação eterna.
Rodolfo e Cecilia, não compreendiam toda aquela situação, se olharam e em um sinal positivo com a cabeça confirmaram o sim.
E ele retornou a falar:
-Pois bem, agora que estão puros e limpos pela palavra do Senhor, podemos prosseguir.
Os dois permaneciam escutando as palavras de salvação daquele homem, que se referia ao próprio Deus como sendo ele mesmo. Ele retornou para perto da messa e de dentro da caixa retirou uma pequena faca e levantado sobre sua cabeça dizendo:
-Aquele que oferece o sacrífico de louvor me glorificará, e aquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus.
Ao terminar de falar aproximou-se dos dois e com a lamina de sua faca cortou os pulsos de Clarice e Rodolfo, um pequeno corte, mas o suficiente para fazer o sangue escapar por suas veias.
O sangue escorria por entre seus dedos e misturava-se com a sujeira do chão refletindo o brilho da lua em rubro e quente liquido, logo abaixo ele colocou uma bacia para coletar o sangue do casal impedindo assim que uma poça de sangue se formasse no chão.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Segunda Sentença - Part II

Clarice foi amordaçada e seus pulsos e pernas amarrados, ela se debatia, mas não tinha saída, estava indefessa perante aquele misterioso homem. Ele não falava, nem fazia som algum, Rodolfo permanecia ainda inconsciente ao lado dela.
Clarice tentava fazer Rodolfo despertar, debatia seu corpo sobre o dele, esperando que ele despertasse e a salvasse, mas tudo era em vão.
O homem tinha saído de dentro da casa, entrou em seu carro e estacionou do outro lado da rua, bem na frente da garagem, desceu e abriu as portas de trás do carro e retornou para dentro da casa, primeiro pegou Rodolfo e o levou para dentro do carro, logo após foi a vez de Clarice que ainda se debatia e tentava gritar, atirou a moça dentro do carro da mesma forma e fechou as porta, entrou novamente em seu carro e sumindo na escuridão da rua.
Ele dirigiu por quase uma hora até parar, Clarice de dentro do carro podia escutar o homem que descia do carro e ao que parecia abria um portão, retornando logo em seguida para dentro do carro e dirigindo mais um pouco, ate que parou  definitivamente abrindo as portas do furgão.
Ao ser retirada do carro, Clarice pode ver onde estava, não era um local que conhecia e mesmo com a escuridão que havia podia facilmente observar o local, era uma construção antiga algo que lembrava uma igreja, era toda feita de pedras escuras de grandes janelas, todas pelo que via estavam lacradas com pedações de tábuas pregadas em sua frente, tinha um única entrada uma grande porta, e no centro da construção um torre destruída.
Dentro daquele lugar não havia muitas coisas, tinha um pequeno altar no centro com algumas velas acesas, na verdade a única luz que havia ali eram de velas espalhadas por todo o local, em um canto percebia-se uma cama e ao lado uma messa com alguns livros em cima, o teto era apenas a imensidão do céu estrelado, pelas paredes algumas imagens sacras e estátuas de santos, ao que parecia aquele local fora a muito tempo uma igreja, o ar estava pesado e ela sentia um forte cheiro de sangue que impregnava aquele local.
Ela foi colocada sentada sobre uma cadeira, continuava amordaçada e seus pés e mãos amarrados agora em uma cadeira, Rodolfo estava sentado da mesma forma ao seu lado.
O homem sumiu por alguns instantes, retornou com um balde em suas mãos dentro havia água que ele atirou na cara de Rodolfo fazendo assim ele despertar bruscamente de seu sono induzido pela pancada, ele demorou alguns segundos para compreender o que estava acontecendo, olhou ao seu redor, viu Clarice amordaçada e em sua face uma expressão de horror, ela fazia força pra falar algo, mas aquele pedaço de pano a impedia.
Pela primeira vez Rodolfo podia encarar a face de seu agressor, ele estava parado a sua frente, em seu rosto mantinha uma expressão de calma, seus olhos fixos o encaravam sem nem piscar, ele aproximou-se e retirou a mordaça de Clarice, ela gritou, mas o homem nem se importou, sabia que ali ninguém poderia escutar seu gritos ou pedidos de socorro, ali onde eles estavam apenas aquele homem poderia ouvi-los.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Segunda Sentença

Clarice mulher como tantas outra, mãe de dois meninos e casada com o mesmo homem por dezoito anos o primeiro e único de sua vida, uma participante ativa no bairro que morava, frequentadora assídua da igreja,  todos os domingos juntamente com seu marido e filhos, uma família ao olhar de todos tão normal quanto qualquer outra. Mulher dedicada para com sua família, seu marido e filhos não tinham do que se queixar, suas vidas eram guiadas por valores de uma mulher de moral.
Todas as quintas-feiras ela saia de casa por volta das dezenove horas, tinha reunião com o grupo de mulheres onde discutiam sobre a vida do bairro e buscavam melhorias, o local de encontro era na associação dos moradores, cerca de vinte minutos de sua casa, ela entrou em seu carro um sedan prata, colocou o cinto de segurança, virou a chave da ignição e saiu da garagem.
Na escuridão na rua um carro parado sobre a sombra de um grande carvalho, um furgão preto que não fora notado por Clarice, distraída estava com a cabeça longe, pensava em seu destino que nem notou que o carro sairá das sombras e a seguira.
Dentro do carro estava um homem com seus quarenta e poucos anos, robusto e forte, cabelo curto, ao que lembrava um corte militar, sua barba bem aparada demonstrava cuidados com sua face, de feições forte, olhar fixo de olhos parados, mas atentos ao mundo a sua volta, boca de traço grosso e de nariz avantajado, não diria que era alto, mas passava de um metro e oitenta, trajava um roupa preta algo que lembrava uma túnica com um capuz que caia sobre seus olhos, cobrindo assim sua face com uma sombra misteriosa.  
Em suas mãos um pequeno terço que ele passava entre os dedos, feito de madeira e com uma pequena cruz delicadamente entalhada na madeira escura.
Clarice passou pela frente da associação de moradores, mas não parou seguiu em frente, parou duas quadras do local onde deveria estar, era uma casa simples, branca com uma pequena cerca viva em seu entorno, a porta da garagem estava aberta  como se esperasse por ela e por ali que ela entrou ao estacionar o carro a porta logo se fechou.
Na rua em frente a casa o furgão que seguia a mulher parou também, não se percebia movimentos dentro do carro, mas podia se ver um vulto negro parado olhando para dentro da casa.
Clarice logo ao descer do carro já foi agarrada pelos braços de um homem, este homem era Rodolfo, amigo e colega de trabalho de seu marido e amante de Clarice. Seu caso já durava cerca de um ano e sempre em algum dia da semana eles encontravam-se e entregavam-se ao prazer proibido, ninguém desconfiava dos dois, mas ao que parecia alguém havia descoberto aquele pecado de luxúria.
O homem de túnica preta desceu do carro, andou até os fundos da casa onde com facilidade abriu a porta, os dois no quarto de cima, entre gemidos de prazer não escutaram o invasor que a passos lentos caminhava pela casa.
O homem carregava em sua mão direita uma bíblia pequena com letras douradas, e em sua mão esquerda 
um calibre vinte dois de tambor giratório com seis balas ainda não utilizadas, ele sentou em uma grande poltrona que ficava em frente a escada, lá em cima os dois ainda misturavam suas respiração e seus corpos, o homem não importava-se com isso, abriu sua bíblia e começou a ler, ali sentado com a ajuda da luz que entrava pela janela que vinha do poste da rua.
Cerca de meia hora depois Rodolfo desceu pela escada, foi em direção a cozinha, não reparou no vulto do homem sentado em sua sala, ao retornar não percebeu que o homem já o aguardava ao lado da escada, escondido entre uma porta ele acertou em cheio a cabeça de Rodolfo, que caiu inconsciente ao chão.
No quarto Clarice escutou um barulho ao qual pensava ser algo que caíra ao chão, ela não deu importância ao ocorrido, contudo passado alguns minutos e a demora de seu amante colocou um roupão e desceu a procura do homem.
Logo viu Rodolfo deitado no sofá, ao chegar mais perto viu que o sangue brotava de sua cabeça vertendo por um corte, ao tentar soltar um grito foi abafada pela mão do assassino que escondido na sombra a aguardava.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Primeira Sentença Part III

Eu ainda me debruçava sobre aquelas fotos tentando colocar um sentido em tudo aquilo, parecia que aquele crime era algo que estava acima de minha compreensão, o Agente Jaques exausto tentava dormir atirado a um dos bancos da central de policial, em sua mente com certeza passava-se os mesmos questionamentos que eu tinha na minha, um crime não era apenas um crime, mas aquele que investigávamos agora era muito além. 
Por volta de umas dez horas da manhã recebemos uma carta, não havia endereço de remetente apenas o destinatário, nem um nome especifico de quem mandará ou para quem o receberia, a carta havia sido aberta e após ler o que continha  foi entregue a minha pessoa...
-Delegado você tem que ler isso.
Peguei a carta e comecei a ler atenciosamente, sem nenhuma expectativa do que ali encontraria, ao passar meus olhos pela primeiras palavras, já sabia de quem se tratava e sobre o que ela relatava, então o assassino resolverá ajudar a policia local ou estava apenas zombando de nossa cara?
A carta não havia sido escrita por uma mão, nem uma maquina eletrônica ela era composta por recortes de passagens bíblicas, e dizia o seguinte: 
"Eu sou o pão da vida/Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, eu o primeiro, eu também o último./Assim executarei juízos no Egito, e saberão que eu sou o Senhor./Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido./A justiça guarda ao que é de caminho certo, mas a impiedade transtornará o pecador./Eis que os olhos do Senhor DEUS estão contra este reino pecador, e eu o destruirei de sobre a face da terra; mas não destruirei de todo a casa de Jacó, diz o SENHOR./Assim diz o SENHOR: Guardai o juízo, e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, para se manifestar."
O meu espanto era imenso, ao que parecia eu tinha minha resposta, as dúvidas eram mantidas, mas agora sabia os motivos, ao que parecia este louco messias estava aqui para limpar o mundo dos pecados e impor a justiça que pensava ser de Deus.
O crime começava a tomar uma forma e a forma que ele tomava era de uma cruz onde os pecadores eram pregados onde uma justiça divina era feita ou assim se pensava.
Nenhum nome, nenhuma pista apenas palavras de um louco, junto com aquela carta estavam algumas fotos, algo que me espantava ainda mais, naquelas fotos estava presente o Padre Nestor, junto dele uma criança que devia ter cerca de doze anos um pouco menos talvez, em cada foto que eu colocava meus olhos meu espanto crescia, Padre Nestor não era um homem tão santo assim, ele era um pecador assim como o assassino o denominava, um Padre que em seu tempo livre molestava crianças e logo após rezava para seu Deus pedindo absolvição, mas pecado que logo voltava a cometer.
Eu como um pai me causava grande revolta e por um momento pensava que o mundo se livrara de um doente, mas por outro lado como Delegado não poderia permitir que um homem, talvez tão pecador quando o próprio Padre, fizesse justiça por suas mãos...




quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Primeira Sentença - Part II

Tomamos todos os cuidados possíveis para efetuar a remoção do corpo do Padre da igreja, queríamos as possíveis provas  intactas, quaisquer que fossem elas, uma digital, um fio de cabelo ou uma gota de saliva.
Não foi fácil retirar aquele cadáver de dentro da Igreja de São Pedro, parecia mais que estávamos removendo uma estátua de um jardim do que um corpo.
Foi preciso um carro largo para efetuar o transporte já que não era possível deitar o copo por causa da grade que o perfurava, colocamos o corpo na mesma posição que o encontramos ou seja ajoelhado.
Sem o corpo poderíamos efetuar coletas no local, dentro da delegacia o legista já esperava para efetuar a autópsia do Padre.
Junto comigo ficou o agente Jaques para ajudar na coleta de provas deixadas pelo assassino, em minha cabeça tentava encontrar uma explicação para aquele fato, um Padre ? Quem iria querer matar um Padre, este não seria um alvo comum ainda mais com todo o trabalho que o homem que cometerá o crime teve, pelo que já sabíamos o corpo foi apenas colocado ali, o local da morte ainda era um mistério, tanto trabalho para perfurar o corpo do Padre e depois remover e colocar dentro da igreja, com certeza tinha um sentido em  tudo aquilo.
Vasculhamos o local, mas nada, nenhuma pista foi encontrada, o responsável por aquilo tudo foi muito cauteloso agora era esperar pela resposta do legista e coletar algumas informações na vizinhança.
Era cedo e tiramos muitas pessoas de suas camas, todos ficaram chocados quando souberam do acontecido, Padre Nestor era um homem justo e muito caridoso, em um consenso geral todos seus vizinhos não sabiam de nenhuma pessoa que quisesse mal a ele.
Estávamos sem respostas e sem uma direção para seguir, tudo dependia do que o legista descobriria e esperávamos que algo fosse descoberto.
Após coletar os nomes dos vizinhos Jaques e eu fomos para a delegacia, eu estava sentado em minha messa analisando aquelas fotos, buscando algum detalhe que poderia ter escapado aos meus olhos cansados, mas nada não tinha nada e eu sabia disso.
Entramos em contato com a central do 190 e pedimos a gravação anonima que havia informado o local onde o Padre estava, ao que parecia o próprio assassino tinha feito a ligação, escutamos atentamente, o desgraçado nem fez questão de mudar a voz, falou claro e rápido apenas dando o endereço. Rastreamos a ligação e ela tinha sido feita do telefone da igreja, então ele estava ali parado olhando e admirando sua vítima e ao mesmo tempo debochava de nossa cara pois sabia que tinha feito um trabalho limpo e que não poderia se encontrado, ao menos ainda não.
Enfim o legista após duas horas com o corpo do Padre havia finalizado a autópsia, sem demora fui em direção a sala onde ele estava.
Sobre a messa o copo do Padre, agora sim parecendo um cadáver, estava deitado, coberto por um pano azul claro.
-Então Doutor, diga-me que temos algo ?
Ele respirou fundo e falou:
-Eu não tenho nada para vocês, o responsável com toda certeza sabia muito bem o que estava fazendo...
Ele parou um instante e retirou o pano que tapava o cadáver, pude logo perceber uma marca logo abaixo do pescoço, era um ferimento no formato de uma cruz, parecia ter sido feita com um molde quente, pois a marca estava cauterizada.
O Doutor logo retornou sua fala:
-Primeiro de tudo, este homem está morto faz cerca de 48 horas, veja bem a causa da morte foi hemorragia, parece que suas veias foram cortadas e ele morreu lentamente enquanto seu sangue era retirado..
Interrompi bruscamente ele:
-Algum motivo para a retirada do sangue ?
-Sim delegado, o sangue e todos os fluídos corporais foram retirados e em seu lugar foi aplicado uma líquido composto por silicone, resina de epóxi e poliéster, este processo é chamado de plastinação, ela conserva o corpo, geralmente é usada em exposições ou para conservação de corpos para trabalhos científicos, literalmente este homem foi plastificado.
Ao que parecia o crime todo foi algo muito bem planejado, ele sabia muito bem o que fazer e como fazer, não era um crime comum e com toda certeza não seria o último...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Primeira Sentença

Sou despertado bruscamente de meu sono, abro os olhos e encaro o relógio ao meu lado, são cinco horas de uma quarta-feira, fecho meus olhos novamente esperando que o telefone pare de tocar, mas ele não para e insiste em me tirar da cama.
Levanto-me com uma preguiça que nem imaginava que tinha, consigo chegar ao telefone que ainda toca, retiro do gancho e levo até minha orelha, não digo "Alo", mas solto um resmungo, algo que nem eu compreendia, talvez um RUM ou um HUM, não sei.
-Delegado Coneli, Delegado... ?
Eu pensei por alguns segundos em não responder e desligar o telefone e retornar para minha cama, mas sabia muito bem de meus deveres e contra minha vontade respondi. 
-Sim, Coneli falando, o que quer?
-Desculpe tirar você da cama a está hora, mas delegado temos algo que o senhor deve ver.
Anotei o endereço do local onde o agente me aguardava.
Rua Florença numero 143, aquele endereço me era um tanto que familiar, mas não recordava de momento.
Troquei de roupa, dei um beijo de boa noite em minha pequena filha que dormia como um anjo em sua cama e avisei minha esposa que retornaria em breve.
Já dentro do carro tentava imaginar o motivo de minha presença em tal lugar, com toda certeza um crime, mas em meus vinte anos dentro de uma delegacia já tinha presenciado de tudo um pouco, o que poderia estar me aguardando naquele endereço que me era familiar com toda certeza não seria novidade para mim.
Ao chegar ao endereço reconheci o local de imediato, era uma igreja, uma simples igreja, mas linda com entalhes por toda sua fachada, logo em sua frente encontrava-se uma grande estátua de São Pedro, esculpida a mão por um homem muito habilidoso, em sua mão direita ele assegurava uma cruz e na outra um pequeno livro, no qual imaginava ser a bíblia. Conhecia muito bem aquele igreja, foi ali tendo como testemunha São Pedro que me casei e batizei minha filha.
Ao lado de uma grande porta de madeira escurecida com entalhes de passagens bíblicas estava o agente Jaques, um jovem recruta, tinha ainda em seus olhos aquele brilho dos novatos, tinha apenas vinte anos, era dedicado e empolgado, magro e alto de cabelo curto e de olhos pequenos, mas atentos como de um lobo.
-Que bom que chegou delegado, mais uma vez desculpe por tirar você de casa a essa hora...
Interrompi bruscamente sua fala, queria saber o motivo de minha presença ali.  
-Chega de conversa, me diga logo por que motivo estou aqui, as cinco e meia da madrugada? 
Os olhos de Jaques pararam e sua boca ficou muda, alguns segundo passados ele falou:
-Melhor eu lhe mostrar Delegado, venha comigo.
Entramos pela grande porta de madeira escura, aquele lugar estava igual de quando aconteceu meu casamento, o teto era todo pintado por imagens de santos, grandes janelas com desenhos em tons claros que facilitavam a luz entrar, logo a frente um grande altar, com uma vela acessa, percebia que havia alguém ajoelhado em frente aquela única vela, não conseguia distinguir quem era, mas imaginei ser uma devoto fazendo suas orações.
Ao chegar próximo reconheci a tal pessoa, era o Padre Nestor, o mesmo que havia feito minha celebração de casamento e batizado minha pequena filha, quando coloquei meu olhos nele, compreendi por que havia sido chamado, compreendi também que aquela cena era algo novo e incompreensivo para mim. 
Padre Nestor estava de fato ajoelhado, com suas mãos em sentido de oração próximo ao seu queixo, ela havia feito sua última oração.
Ele estava preso ao chão, uma grade de metal atravessava seus joelhos e coxas, passando por sua barriga saindo por seus ombros, e entrando novamente por seus braços assegurando suas mãos, ele estava definitivamente pendurado ali em posição de oração, condenado a orara para sempre, a sua volta não havia sangue, ao que parecia ele apenas foi colocado ali, era como um enfeite da igreja, parte da decoração, entre suas mãos havia um pequeno bilhete, era um recorte, uma passagem da bíblia, Isaías 13:9 que dizia: Vejam! O dia do Senhor está perto, dia cruel, de ira e grande furor, para devastar a terra e destruir os seus pecadores.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Prólogo

Constantemente vemos em noticiários ou em manchetes de jornais, assassinatos dos mais diversos tipos e estilos, parece que com ao passar dos anos o homem progrediu até na arte de matar são métodos dos mais refinados aos mais esdrúxulos.
Para alguns o fato de matar, ter o controle sobre a vida de terceiros, vai muito além do que apenas enfiar uma bala ou um faca na cabeça, é ter o prazer de controlar a vida daquela pessoa e decidir se viver ou morrer será seu destino, não existe poder maior que este.
O assassino assume um status de Deus, onde ele pode tudo, onde ele controla uma pessoa, em suas mãos é feito o julgamento final, a vítima é colocada em uma balança onde é pesada sua vida, seus atos e suas virtudes, ali o seu destino será escolhido, viver ou morrer.
Deus um ser supremo é quem pode fazer este julgamento, um simples mortal e pecador nunca poderia ter o discernimento para tal escolha, mas mesmo assim alguns se acham no direito de se intitularem Deus.
Eu não sei o que leva um homem a se proclamar um Deus só vejo fatos, corpos e crimes para serem resolvidos eu não me importo se um homem intitula-se um messías, um homem é um homem e se este homem resolve julgar os outros deve estar preparado para ser julgado também.
Salmos 118:16 : "A mão direita do Senhor é exaltada!
A mão direita do Senhor age com poder!"


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Imaginação

Entre o ver e o sentir 
ou o ser e o existir
viver e morrer 
e tudo mais.
Vivemos por esperar 
esperar morrer 
ou quem sabe 
despertar.
Mas se imagino que 
sinto e desejo 
então vivo.
Pois nem tudo é viver 
mas tudo é imaginar. 
Então imagino 
imagino que escrevo 
que sinto 
e desejo 
mas vou imaginando 
imaginando até que posso viver. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Outras Vidas

Prelúdios de uma noite de um passado distante
copos vazios
atirados sobre a mesa
Relembrar é viver
não é o que se diz
relembramos sem ao menos esquecer
E passado alguns anos
nem que fossem milênios
não importaria
E cá estamos mais uma vez
em outra vida quem sabe
ou nesta mesma já nem sei
Tantas outras como conhecidos
inimigos e amigos
vai saber...
Por um motivo estranho que seja
ou mesmo que seja apenas
coisas de minha cabeça
lhe conheço do passado
do distante mundo
onde nada e o tudo existiam
e já ali sentados
discutíamos filosofia
e o sentido da vida buscávamos
Sem uma resposta
tínhamos todas
todas aquelas que poderíamos imaginar
E sentados sobre
as linhas da vida
estávamos nós ali
esperando pela vida passar.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Romantismo Barato

Uma dose de romantismo barato
daqueles retirados do fundo de um garrafa
um clichê sobre o amor
tatuado com o nome de um passado
Um final feliz
daqueles que a novela me mostra
um desejo sem fim
de um amor tão perfeito
quanto uma mentira
contada varias vezes
A beleza do amar
de deixar a vida de ponta cabeça
A poesia dedicada
para um ser que amamos
ou assim pensamos
Que fique com o romantismo
nem que seja o barato ou o caro
ou qualquer um achado
atirado em um canto abandona
mas sempre limitado.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Despertar

Ao acordar disperso um tanto que incerto
sem sonhos nem desejos
estes vendi ou troquei já nem sei mais

Despertar e abrir os olhos
e o mundo contemplar
encarar as ordens sem questionar 

Visões ofuscadas por uma falsa moral
de um mundo belo e íntegro
mergulhado no caos

Pelas ruas histeria coletiva
alucinações, Ilusões e alusões
de uma mentira

Na televisão buscamos uma perfeição
olhos fixos, calmos e cegos
um vida utópica sem emoção

Ao deitar
desejando imaginar
qualquer coisa
que nos faça sonhar.


 


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ler é..

Ler é amar 
tudo aquilo 
que podemos sonhar 

Ler é desejar 
tudo aquilo 
que não podemos alcançar 

Ler é poder ser 
sem mesmo 
querer 

Ler é voltar 
para um passado distante 
ou descobrir os segredos do futuro 

Ler 
é não ter limites 
e o mundo conquistar 

Ler é andar 
por lugares que nem existem 
ou existem, basta imaginar

Ler 
é ler 
e o resto é apenas acreditar. 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

As Duas Faces do Homem

As duas faces do homem a alma condena 
amores
e
 dores

Desassociados
 mas ligados por desejos desconhecidos
incontrolados
dissimulados

São estes desejos imaculados
consentidos 
e
 sentidos

Chorar
Amar
Rir
Sonhar...

As duas faces que o homem
pode ter
entre tantas
outras que possa
esconder.